segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A cabanagem no Amapá



Macapá e Mazagão (rebaixado a povoado em 1833 e nomeado de Regeneração) manteram-se fiéis a “legalidade” e não apoiaram o governo cabano. Ao assumir o poder os cabanos assassinaram o Presidente da província, Lobo de Sousa, em Belém. Os macapaenses souberam dos fatos através do ajudante (co-comandante) da Fortaleza de São José, Francisco Pereira de Brito, que fora em busca de recursos para o pagamento dos militares, pois estavam sem receber a cerca de 7 meses. Trouxe consigo uma nova moeda produzida pelo governo cabano para pagar os soldados. Em abril de 1835 a câmara de Macapá reuniu-se e decidiu por não aceitar a nova moeda e, portanto, a autoridade do governo. Para atualizar os pagamentos houve a colaboração dos moradores. Os administradores da vila elaboraram um plano para proteger Macapá que ficou sob a responsabilidade do capitão José Joaquim Romão, do juiz municipal Manuel Gonçalves de Azevedo, o capitão da guarda nacional Francisco Barreto e o promotor Estácio José Picanço. Ainda em abril a câmara aprovou o plano que entre outras medidas propunha: organização de uma cavalaria com 20 homens para proteger a vila, reparo no armamento da fortaleza e a utilização de uma embarcação para proteger pelo Amazonas.
Mas, a situação da Fortaleza era angustiante, pois havia poucos militares e por isso foram destacados guardas-nacionais para vigiar Macapá. Mazagão adotou posicionamento semelhante ao de Macapá e ficou contrário aos cabanos. A elite mazaganista resolveu destacar uma embarcação que patrulhava o rio Mutuacá. Este barco foi de grande valia quando os cabanos tentaram entrar em Mazagão, mas foram rechaçados.
Com o avanço dos cabanos na província a câmara de Macapá resolveu se preparar novamente e em setembro de 1835 reuniu-se e delegou ao comandante da fortaleza o major Francisco de Siqueira Monterroso e Melo da Silveira Vasconcelos a responsabilidade da defesa. Com a ajuda dos macapaenses de posses ele colocou para patrulhar a região vários barcos. A proteção estava por terra e pelo mar.
No mês de novembro houve embate com os cabanos que tiveram que se refugiar pelo interior de Macapá. Uma parte alojou-se na ilha de Santana (próximo de Mazagão), no furo beija-flor e na ilha Vieirinha. Reiniciado os combates as forças macapaense e mazaganista conseguiram “vencê-los”. Contudo, os cabanos apareciam constantemente por meio de bandos. Segundo Arthur Cezar Ferreira Reis Macapá era um “baluarte da legalidade”, pois oferecia homens e materiais para Cametá, Portel, Afuá, Curuçá na luta contra os cabanos.
Segundo Estácio Vidal Picanço os franceses vindos de Caiena realizavam comércio com os índios desde o século XVII na região. Eles também auxiliaram alguns grupos de cabanos com armas, mas essa ajuda foi limitada.

Referências

PICANÇO, Estácio Vidal. Informações sobre a história do Amapá (1500-1900). Macapá: Imprensa oficial, 1981.
REIS, Arthur Cezar Ferreira. Território do Amapá: perfil histórico. Rio de Janeiro: Imprensa nacional, 1949.