quinta-feira, 25 de junho de 2015

Índios: povos que devemos valorizar





História e culturas indígenas



 Como bem sabemos antes dos europeus chegarem com suas caravelas habitavam este território chamado, atualmente, de Brasil diversos povos indígenas. Estima-se que quando Pedro Alvares Cabral desembarca com sua frota havia entre 3 e 5 milhões de índios e mais de 1000 línguas diferentes faladas pelos nativos, bem como algo em torno de 1500 povos. Como bem sabemos o termo “índio” foi dado pelos europeus e fruto de um erro geográfico, ou seja, quando Colombo chega em 1492 neste continente acredita que está nas Índias e chama os habitantes de “índios”.
Ao longo da história do Brasil percebemos o quanto os povos indígenas foram maltratados, dizimados e explorados fruto de um processo de colonização cruel implantado pelo colonizador (europeu). Para tanto se utilizaram de diversas justificativas como o “índio” é selvagem, canibal, sem cultura, preguiçoso, sem natureza humana, sem alma e sem civilização. O europeu colocou-se numa posição de superioridade, como se existisse cultura superior a outra. Bem sabemos que não existe cultura superior, mas culturas diferentes.
Infelizmente essa ideia dos índios serem inferiores chegou até nós. É comum ouvirmos diversas ideias preconceituosas e que levam à discriminação dos povos indígenas em nossa sociedade ( na família, escola, livros, meios de comunicação). Tudo isso fruto de um total desconhecimento e ignorância por parte de cada um de nós. No entanto, depois de muita luta do movimento indígena em 2008 foi sancionada a lei 11645 que obriga nos currículos escolares a implantação do ensino da História e culturas indígenas preferencialmente nas disciplinas de História, Literatura e Educação artística na tentativa de acabar com tanto preconceito contra esses povos.
Portanto, cabe-nos a seguinte pergunta: o que aconteceu para a dizimação dos povos nativos? É isso que tentaremos responder.
Atualmente, segundo dados do último censo do IBGE em 2010 são cerca de 900 mil índios distribuídos em 220 etnias que falam 180 línguas diferentes. Isso nos mostra a grande diversidade cultural desses povos e ao contrário do que muitas pessoas imaginam os nativos estão aumentando.

A diversidade cultural                           

 


Nessas poucas imagens já podemos observar que ao contrário do que se pensa ou o que foi ensinado na escola os povos indígenas não são todos iguais: não se vestem do mesmo jeito, não possuem as mesmas crenças, não pensam da mesma forma, não fazem da mesma maneira suas casas, não falam a mesma língua. Será que todos os índios chamam suas casas de oka como nos ensinaram?
Meu querido sei que você é inteligente e já percebeu que os índios são bem diferentes uns dos outros! Surpresa! Muito legal essa descoberta que fizemos! E agora? É hora de acabarmos com o preconceito e a discriminação que sofrem esses povos! Vai ficar de braços cruzados? Ou vai fazer alguma coisa? Com certeza você já ouviu ou vai ouvir algum tipo de preconceito. Agora você vai combater essa ideia de exclusão!
Com certeza você não vai mais cair naquela imagem errada de que índio é andar quase nu, com um monte de pena na cabeça, com o corpo pintado e com arco e flecha. Atualmente muitas culturas indígenas vestem-se como os não-índios, muitos são pesquisadores, intelectuais, escritores, artistas, professores e nem por isso deixaram de ser índios.

Professores indígenas

A nossa atitude de cidadãos conscientes é respeitar aqueles que são diferentes de nós. Infelizmente somos levados a querer nos julgar superiores, melhores ou “civilizados”. Principalmente em relação aos povos indígenas é um dever nosso não exaltá-los, mas respeitá-los. E aí? Você que se julga “civilizado” qual vai ser a sua atitude a partir de agora?



O encontro entre as culturas: indígenas e europeia

Os europeus ao instalarem-se nessas terras perceberam logo que deveriam adaptar-se ao ambiente para sobreviverem. Nisso contaram com a ajuda dos índios que lhes foram muito úteis, pois conheciam as florestas, alimentos, caminhos e rios. Os europeus impressionaram-se com a mandioca que era utilizada pelos nativos na alimentação ( a farinha que tanto consumimos). Logo os colonizadores aprenderam a lidar com o amendoim e a pimenta que foram utilizados na alimentação pelas mulheres europeias. Também incorporaram em sua alimentação o caju, maracujá, abacaxi e banana frutas que os índios utilizavam. O tabaco indígena que era utilizado para curar certas feridas em homens e animais como as “bicheiras” foi utilizado como fumo pelos índios e colonos.
Muitos animais foram utilizados pelos europeus em sua alimentação como: veados, antas, tatus, pacas, cotias, aves.

Aprendendo com os índios e a exploração do trabalho indígena

Graças à colaboração indígena que a colonização obteve sucesso, pois inicialmente os europeus não conheciam as terras e foram os índios com seus conhecimentos da natureza que os ajudaram. Foi com eles que os europeus aprenderam a caçar, pescar, andar nos rios e matas brasileiras e a lidar com os animais ferozes e insetos que destruíam as plantações.
Só que os portugueses não queriam apenas viver aqui, mais principalmente explorar a natureza para obter riquezas. Por isso aproveitaram-se dos nativos para explorá-los através do escambo.

Com a implantação das capitanias hereditárias a partir de 1534 a mão de obra indígena foi utilizada com maior intensidade devido a implantação do cultivo de cana de açúcar nos canaviais e engenhos, logo os índios foram escravizados. Ao serem escravizados e levados para os canaviais e engenhos não suportavam o trabalho e fugiam, pois não era da sua cultura trabalharem na agricultura essa tarefa cabia às mulheres( os europeus não perceberam isso) pelo menos os índios do litoral nordestino.
As leis na colônia uma ora permitiam a escravidão indígena outra ora proibia. Até 1680 de maneira geral eram permitidas a escravidão por meio de guerras justas, ou seja, invasão armada em terras indígenas com o objetivo de capturar indígenas. A guerra só podia ser realizada contra aqueles que atacassem os portugueses ou que impedissem a circulação de missionários e a pregação do Evangelho.
Também poderiam ser escravizados por meio do resgate que eram expedições que negociavam com povos aliados em troca de inimigos capturados em guerras inter-tribais.
Outra forma era o resgate dos chamados índios de corda que eram prisioneiros de uma tribo que se encontravam presos e armados e que estavam destinados a serem comidos.
Havia também os descimentos que eram expedições, inicialmente, não militares realizadas tradicionalmente por missionários com o objetivo de persuadir comunidades indígenas para “descer” de suas aldeias para os aldeamentos dos missionários. Nos aldeamentos eram explorados pelos religiosos e convertidos ao cristianismo perdendo a sua cultura. Dessa maneira a partir de 1656 os missionários passaram a controlar a mão de obra indígenas o que gerou conflitos com os colonos que queriam a todo custo escravizá-los para trabalhar na cana de açúcar.
No entanto a partir de 1686 com o regimento das missões que deu poder aos missionários sobre os indígenas a escravidão foi proibida, não que eles não fossem obrigados a trabalhar e que na prática a escravidão acontecia. Porém, isso é conversa para os próximos capítulos da História e no decorrer das séries espero que seus professores trabalhem isso com vocês, mesmo tendo quase que certeza que não falaram disso.
As razões que levaram os portugueses a adotarem com maior intensidade a escravidão africana em vez da indígena: resistência indígena, doenças, o lucrativo tráfico negreiro e a resistência dos religiosos ( principalmente os jesuítas). Isso desmente a ideia preconceituosa de que foi adotada a escravidão africana porque os índios eram preguiçosos.


Resistência indígena

Luta contra o colonizador
                                                   

Meu querido será que os índios não resistiam à dominação? Claro que sim. Através de alianças entre nações indígenas contra os europeus ou em alianças com os portugueses contra os holandeses; saques e invasões aos engenhos, guerras contra os europeus, fugas.
As principais guerras indígenas foram: a confederação dos tamoios, a guerra dos bárbaros, a revolta de Ajuricaba e o conflito dos jesuítas dos trinta povos das missões. Essas guerras ficam de pesquisas para você se aprofundar no tema. O certo é que os nativos lutaram muito por sua liberdade. E você não lutaria? Aceitaria ser escravizado?
Costumes indígenas

Os povos indígenas viviam em aldeias e praticavam a agricultura, caçavam, pescavam, coletavam para sobreviver. Essas aldeias podiam mudar de local em busca de melhores condições de vida, logo entre os nativos havia bastante mobilidade e poucos bens que deveriam ser levados de um lugar para o outro.
Os tupis-guranis cultivavam a mandioca, bem como o milho, feijão e batata-doce. Alguns plantavam abóbora, abacaxi, algodão e tabaco. Aos homens cabia a pesca, caça, o roçado, a produção de canoas; às mulheres cabiam a plantação, colheita, preparo do alimento, fiavam, teciam, faziam cestos e muito mais coisas. Consumiam praticamente tudo o que produziam e quase não possuíam estoque. Diferentemente dos europeus o objetivo do seu trabalho não era acumular bens.
O índio só tinha como propriedade pessoal a sua arma e seus enfeites, o resto era tudo partilhado. Os europeus não entendiam o modo de vida deles e acabaram julgando-os como “preguiçosos”, “rebeldes”, “selvagens”. Será que este estilo de vida não tem muita coisa para nos ensinar? Hoje vivemos numa busca incessante por bens materiais e que não nos garantem a felicidade. Ainda hoje julgamos o modo de vida desses povos como fôssemos superiores. Será que somos?
Um costume indígena que chamava a atenção dos europeus era a nudez. Geralmente seus corpos eram pintados com algum tipo de resina e usavam penas de diversos animais como enfeites. As mulheres não furavam os lábios, usavam braceletes e pintavam os rostos seus enfeites eram mais simples que o dos homens.
Outro costume que surpreendeu os europeus foram os banhos diários e até mais de uma vez dos índios. Nas festas indígenas que duravam dias havia muita bebedeira e era comum conflito entre os nativos.
As mulheres eram consideradas inferiores aos homens e comumente era o seu pai, tio, irmão que lhe arranjava o casamento. Para alguns líderes indígenas era permitida a poligamia e a liberdade sexual.

Ritual Antropofágico

Os índios possuíam espírito de guerreiros e as guerras eram comuns entre tribos rivais. Em nome da vingança conflitos entre grupos indígenas diferentes eram comuns. Observemos como era o ritual antropofágico:
“Levado para a aldeia dos captores, o prisioneiro era amarrado de forma ritual pelo seu dono e percorria a aldeia enquanto todos o ameaçavam e lhe prometiam a morte, até mesmo escolhendo as partes de seu corpo, desejadas para o banquete.
O prisioneiro era muito bem tratado, alimentado, engordado e até podia receber uma esposa temporária. Se por acaso tivessem um filho nesse tempo, a criança seria considerada inimiga e deveria ser morta e comida como o pai. Quando se aproximava a ocasião festiva da execução, eram feitos convites às aldeias vizinhas, enquanto às mulheres preparavam as bebidas.
O índio escolhido para ser o executor do prisioneiro era pintado com cores vivas ou untado com gema de ovo, ml ou resina e coberto com penas coloridas. Na cabeça portavam um cocar de penas. O prisioneiro era enfeitado de forma semelhante, com o rosto pintado de azul ou verde e levado para o lugar do sacrifício, no meio da aldeia e diante de todos. Antes esperava-se que demonstrasse valentia.
Depois era semi-imobilizado, mas ainda podia fazer algumas negaças para evitar o golpe do tacape do executor que finalmente esmagava- lhe o crânio. Nesse momento, uma velha corria com o cabaço na mão para pegar o miolo e não deixar desperdiçar o sangue, pois tudo seria aproveitado no banquete canibal.
O corpo do morto era limpo e chamuscado pelas velhas que depois o entregavam para um velho que o retalhavam, começando por fazer uma abertura no ventre por onde as crianças lhe tiravam as tripas das quais recebiam pedaços. O corpo era depois esquartejado e dividido entre os participantes da festa que recebiam, por vezes, os pedaços previamente escolhidos.
A carne era colocada sobre uma espécie de jirau onde era moqueada, isto é, assada e defumada até ficar no ponto desejado. Depois era consumida. A gordura, os miolos e as tripas eram aproveitados para um mingau destinado às velhas e às crianças.
A cabeça era espetada à porta do executor que também recebia os dentes e as tíbias do morto, mas não a sua carne. Os dentes eram pendurados no colar e as tíbias serviam para fazer flautas”.( MESGRAVIS, Laima; PINSKY, Carla Bassanezi. O BRASIL QUE OS EUROPEU ENCONTRARAM: a flora, a fauna, índios, homens brancos, antropofagia e vida sexual, p. 60-61).
Para os ameríndios esse ritual servia para acalmar o espírito do morto para que não procurasse vingança contra seu matador. O ato devorar o prisioneiro tinha por objetivo declarado vingar os parentes e amigos mortos pelos inimigos e incorporar suas virtudes guerreiras e sua força espiritual.

A contribuição das culturas indígenas na formação do povo brasileiro

Infelizmente as pessoas pensam que os ameríndios não contribuíram em nada na formação da cultura nacional. Grande engano, pois aprendemos com os nativos muitos valores.
Segundo o folclore brasileiro, existia a lenda do curupira (ser habitante das florestas brasileiras), cuja principal atribuição seria proteger animais e plantas. Sempre recorrente nas lendas, o curupira tinha os pés com calcanhares para frente para confundir os caçadores. Conforme o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o curupira não existiu, mas os indígenas tinham o hábito de andar para trás, para confundir os europeus e bandeirantes.
A vontade de andar descalço foi outro hábito que herdamos dos indígenas. Geralmente, quando chegamos em casa após um dia inteiro de trabalho ou estudo, a primeira coisa que fazemos é retirar o calçado e ficar certo tempo descalços. Muitas pessoas têm o hábito de sempre andar descalças quando estão em suas casas.
O costume de descansar em redes é outra herança dos povos indígenas. Quase sempre os índios dormem em redes de palha que se encontram dentro de suas habitações nas aldeias.
A culinária brasileira herdou vários hábitos e costumes da cultura indígena, como a utilização da mandioca e seus derivados (farinha de mandioca, beiju, polvilho), o costume de se alimentar com peixes, carne socada no pilão de madeira (conhecida como paçoca) e pratos derivados da caça (como picadinho de jacaré e pato ao tucupi), além do costume de comer frutas (principalmente o cupuaçu, bacuri, graviola, caju, açaí e o buriti).
Além da influência indígena na culinária brasileira, herdamos também a crença nas práticas populares de cura derivadas das plantas. Por isso sempre se recorre ao pó de guaraná, ao boldo, ao óleo de copaíba, à catuaba, à semente de sucupira, entre outros, para curar alguma enfermidade. Quem nunca tomou um chazinho feito por seus avós ou mãe?
A influência cultural indígena na sociedade brasileira não para por aí: a língua portuguesa brasileira também teve influência das línguas indígenas. Várias palavras de origem indígena se encontram em nosso vocabulário cotidiano, como palavras ligadas à flora e à fauna (como abacaxi, caju, mandioca, tatu) e palavras que são utilizadas como nomes próprios (como o parque do Ibirapuera, em São Paulo, que significa, “lugar que já foi mato”, em que “ibira” quer dizer árvore e “puera” tem o sentido de algo que já foi. O rio Tietê em São Paulo também é um nome indígena que significa “rio verdadeiro”). Também o nome de várias cidades como Manaus e Macapá.
Daí a importância de valorizar as culturas indígenas e não mais discriminá-las. Agora é com você!

 Por Professor Bruno Rafael

REFERÊNCIAS

FREIRE, Carlos Augusto da Rocha; OLIVEIRA, João Pacheco de Oliveira. A presença indígena na formação do Brasil. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/ Museu Nacional, 2006.
LUCIANO, Gersem dos Santos. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília:MEC, Secretaria de educação continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED\ Museu Nacional, 2006.
MESGGRAVIS, Laima; PINSKY, Carla Bassanezi. O Brasil que os europeus encontraram: a natureza, os índios, os homens brancos. São Paulo: Contexto, 2013.

sábado, 20 de junho de 2015

O casamento na Grécia antiga


Hoje refletiremos um pouco sobre o casamento na Grécia antiga. Esta instituição é muito antiga e não foi inventada por nenhuma igreja. Aqui o entendemos como um ritual de passagem para a vida adulta, comum nas sociedades antigas e atuais. A ciência histórica é interessante, pois revela aspectos bem diferentes, mas também aspectos que de formas diferentes permanecem em diversas culturas como na nossa. Aproveite para viajar na história desta instituição milenar!
Na vida dos gregos antigos era comum participar de vários rituais até a sua morte e o casamento era um bastante importante, pois os jovens completavam a transição para a vida adulta. Esta instituição era tão importante que no fundo o o jovem tornava-se cidadão somente após casar. Para a moça o casamento dava-lhe a possibilidade de cumprir seu papel definido pela a sociedade, ou seja, ter filhos.
Segundo Florenzano (1996) apesar das variações de local para local o casamento tinha fins específicos: união do homem e da mulher com o fim explícito de procriar filhos legítimos e dar, portanto, continuidade ao oikos do marido assegurando a propriedade e sua continuidade.
Em Atenas antes do casamento propriamente dito exigia uma série de rituais de preparação. O enguíesis, contrato que consistia na entrega em casamento da moça ao rapaz pelo seu quírios (pessoa que tinha autoridade sobre a moça). Era uma promessa feita oralmente, porém formal. Ficava presente durante o rito o quírios (senhor) e o noivo, como também, testemunhas de ambos os lados. Este rito era concluído com um aperto de mão e o pronunciamento de algumas fórmulas próprias.
Um elemento indispensável para a materialização do casamento era o dote, não era uma exigência jurídica, mas cultural. Esses eram "constituídos por dinheiro ou por bens imóveis avaliados em dinheiro. Algumas vezes o dote podia ser dividido: uma parte o noivo recebia no ato da enguiesis ou ao casar-se e a outra quando o falecimento do sogro" (FLORENZANO, 1996, p.45). Este dote era uma forma de recompensar o noivo pela manutenção da mulher. Existia divórcio na Grécia antiga? Sem dúvida e caso isso ocorresse o marido deveria entregar a mulher ao seu antigo quírio juntamente com seu dote. Interessante não é?

Preparativos para o casório

Inicialmente escolhia-se a data, geralmente, no Gamelión (mês dedicado a deusa do casamento, Hera). Não tão diferente de hoje em que muitas escolhem casar em maio (mês das mães, noivas e na liturgia católica mês dedicado a Maria) e, ainda escolhia-se na lua cheia, pois acreditavam que seria mais propícia à fecundidade. A festa do casório era precedida por vários preparativos,

"No dia anterior ao casamento a noiva dava uma espécie de adeus à sua vida de menina, consagrando aos deuses protetores do casamento (Zeus, Hera, Artemis, Afrodite, Apolo e Peitô) seus brinquedos e objetos familiares, que a haviam cercado durante a infância. Sabe-se também  que nessa ocasião era oferecido, independentemente pelas sua famílias, um sacrifício a Ártemis, às Moiras ou a Hera, um ritual que a jovem cortava um cacho dos seus cabelos para consagrá-lo à divindade escolhida, às vezes enrolado em fuso de fiar" (FLORENZANO, 1996, p.47). 

Dentro dos preparativos havia os banhos dos noivos. A noiva recebia um vaso especificamente para guardar a água do banho. O líquido era trazido de um lugar especial em cortejo feito pelos parentes de ambos. O banho em si,

"Tinha o sentido de purificar e proteger os noivos antes de uma passagem importante, como era o casamento, , de sorte que não houvesse nenhuma conspurcação durante um ritual de transição (...) O casamento , realizado de acordo com os costumes, não implicava necessariamente nenhum tipo de impureza, mas o banho era como que uma purificação necessária à passagem de um estado a outro" (FLORENZANO, 1996, p. 49).

Os noivos eram vestidos cuidadosamente. O noivo vestia-se de lã tão fina que brilhava; na cabeça era utilizada uma coroa com folhas (fertilidade) e no corpo usava-se mirra para o perfume. As noivas eram bem adornadas: vestidos bordados, penteados diferenciados, sandálias especiais, coroa de metal, colares, cinto adornado e um véu que lhe cobria o rosto até o momento oportuno. Não se se as noivas atrasavam tanto quanto hoje em dia. Assim como hoje elas arrumava-se bastante.

As festança e o casamento

Todo casamento incluía uma festa tanto na casa do noivo quanto da noiva com sacrifícios às divindades e banquetes em que familiares e amigos comiam e bebiam. Muito semelhante as casamentos em nossa sociedade não é? Em tempos de crise financeira a coisa está mais simples. durante a refeição acontecia muita música e dança.
A parte principal do casamento era o ritual  do cortejo nupcial, quando a noiva ia da casa de seu pai para a do noivo. Era realizado à noite e era acompanhado com flautas, cânticos de casamento (himeneu), ou seja, era uma festa ao ar livre. O objetivo era espantar os maus espíritos (visages e mizuras, na nossa região). Segundo alguns documentos antigos a noiva deveria carregar uma panela de torrar grãos ou então uma peneira, provavelmente para provar a capacidade da noiva de manter uma casa.
Na nova casa a noiva participava de rituais de incorporação à nova família. Um dos ritos era a cataquísmata, que era  derrubar frutas secas, fogos, nozes, moedas, sobre o noivo e noiva desejando prosperidade. Depois os noivos iam para o quarto. Um dos amigos do noivo ficava de guardião na porta, enquanto rapazes e moças cantavam a noite inteira obscenidades e zombarias.
Percebe-se que o casamento era um ritual importante naquela sociedade. Como você observou não havia nenhuma Igreja, padre, pastor, juiz que realizava este rito. Era um ritual privado com a participação da família e alguns amigos do noivo.
Portanto o casamento cumpria sua função social, ou seja, o homem tornava-se de fato adulto e a mulher completava-se como ser social após o primeiro filho. Não esqueçamos que a função da mulher era casar e ter filhos. Pode parecer estranho para nós, mas era a mentalidade desse povo e não cabe a nós o julgamento, mas procurar compreender. A partir da leitura você será capaz de perceber as diferenças e as semelhanças entre o casamento na atualidade e o grego antigo. Boa aventura pela história!

Por professor Bruno Rafael

Referência

FLORENZANO, Maria Beatriz Borba. Nascer, viver e morrer na Grécia antiga. São Paulo: Atual, 1996.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

A exploração da mão de obra indígena na Amazônia colonial



Durante os séculos XVII e a primeira metade do XVIII a legislação sobre os povos indígenas mudava constantemente : ora impedia a escravização, ora permitia. Nos primeiros séculos de colonização a base da economia amazônica foi o extrativismo das conhecidas " drogas do sertão" que "consistiam em uma gama varia da de frutos e raízes silvestres, principalmente cacau, baunilha, salsaparrilha, urucu, cravo, andiroba, almíscar, âmbar, gengibre e piaçava" (FARAGE, 1991, p. 25). Além disso, havia a pesca e a viração de tartaruga que atendiam, sobretudo, o mercado interno. A base desta economia extrativista foi a mão de obra indígena.
Os índios eram responsáveis pela coleta sob o comando dos missionários nas missões ou aldeamentos. Em geral era permitida duas formas de escravidão indígena: guerra justa resgate.
  • Guerra justa: Para a pesquisadora Nádia Farage (1991) este é um conceito jurídico e teológico, fundamentado no direito de guerra medieval. Procurava-se estabelecer em que condições era permitido aos cristãos fazerem a guerra. Apesar das variações ao longo do período colonial a guerra justa poderia ser declarada pelo poder real ou pelas autoridades locais nas seguintes situações: quando os nativos impedissem a pregação evangélica,, deixassem de defender os colonos, atacassem os portugueses, estabelecessem alianças com os inimigos da coroa, praticassem o canibalismo, impedissem o comércio e a circulação de colonos.
  • Resgate: expedições realizadas com o objetivo de comercializar com tribos aliadas os seus escravos, ou seja, os prisioneiros de guerra. Entre esses estavam os "índios presos a corda", em referência à corda que os Tupi atavam no pescoço de seus prisioneiros destinados a serem devorados. "Assim 'resgatados' das mãos dos seus captores, deviam a vida a quem os comprava, e eram obrigados a pagar-lhe com seu trabalho por tempo determinado, de acordo com seu preço de compra" (FARAGE, 1991, p.28). Durante o período anterior ao Marquês de Pombal o resgate foi o meio mais utilizado de escravizar os índios.
Claro que estes aspectos analisados são do ponto de vista da legalidade, mas não sejamos inocentes. A escravização dos povos indígenas na Amazônia pelos portugueses foi realizada de diversas formas na clandestinidade. Participavam desse fluxo de clandestinidade governadores, colonos e missionários. Portanto, ao contrário do que se pensa os índios foram brutalmente escravizados nesta região seja legalmente ou ilegalmente.
Além da escravidão a exploração desta mão de obra aconteceu com os índios livres. Nesta modalidade os atores foram os missionários. Vejamos como ocorria esta exploração:

"O recrutamento dos índios para os aldeamentos era feitos através do ficou conhecido por 'descimento', sistema em que o missionário em pessoa ou seus representantes, brancos em viagem ou índios mansos, isto é, já aldeados, persuadiam os índios, por vezes aldeias inteiras, a se deslocarem, de seu território original e se estabelecerem nos aldeamentos missionários" (FARAGE, 1991, p. 31).

 Os aldeamentos missionários possuíam uma certa classificação: aldeias dos serviços das ordens religiosas, em que as rendas serviam para as ordens religiosas; aldeias do serviço real, onde os índios aldeados eram utilizados para o serviço do Estado, aldeias de repartição onde eram destinados aos moradores e missões afastadas dos núcleos urbanos que mesmo sofrendo desfalques de população devido as demandas das expedições, eram unidades autônomas de produção (FARAGE, 1991).
Essa divisão dos índios entre Igreja, Estado e moradores não era harmônica, mas fonte de constantes conflitos entre esses grupos. Neste contexto acentua-se a participação de destaque da companhia de Jesus neste processo missionário. Verificou-se que nestes aldeamentos (missões) os índios eram explorados pelos missionários, Estado e moradores. Através da evangelização esses povos seriam "civilizados" nos moldes culturais europeus. Os missionários condenavam as práticas religiosas dos índios, obrigava-os a abandonar seus costumes e obrigava-os a trabalhar em troca de um irrisório soldo ou a troca de nada enriquecendo suas ordens religiosas.
Portanto, os índios foram brutalmente explorados das diversas formas: legais ou ilegais. Bem sabemos que os "direitos" dos nativos não passavam de mera formalidade. A exploração do trabalho do índio livre que deveria receber uma forma de salário nem sempre era cumprida. As consequências dessa exploração foi a dizimação das populações nativas, desorganização das sociedades indígenas e imposição cultural. Um povo que contribui muito para a constituição da nossa cultura precisa ser conhecido e valorizado. Suas histórias precisam ser conhecidas!

Por professor Bruno Rafael

Referências
BRITO, Cecília Maria Chaves. Índios das "corporações": trabalho compulsório no Grão-Pará no século VIII. In; ACEVEDO MARIN, Rosa Elisabeth (org.). A escrita da história paraense. Belém: NAEA/ UFPA, 1998.
FARAGE, Nádia. As muralhas dos sertões: os povos indígenas do Rio Branco e a colonização. Rio de Janeiro: Paz e Terra; ANPOCS, 1991.




quarta-feira, 17 de junho de 2015

Atenas: a maravilha grega


Não poderia ser com outra imagem que iniciamos nossa viagem pela história da pólis de Atenas. A imagem acima é do conhecido Pathernon, templo construído na acrópole de Atenas durante o governo de Péricles no século V a.c. É um templo dedicado a deusa Atena e e considerada uma obra de grande esplendor arquitetônico. Esta pólis é muito mais documentada que qualquer outra da Grécia antiga. Aqui surgiu a democracia, lugar de grandes filósofos e políticos.

Vaso sobre a deusa Atena ( sabedoria, guerra)


Atenas fica na região da ática, caracterizada pela pouca fertilidade do solo por isso a produção de trigo e cevada era insuficiente para alimentar a população. Região de bastante colinas o que favoreceu o cultivo de oliveiras e uvas. Ao sul da ática os atenienses desenvolveram a mineração da prata e o excelente porto de Pireu favoreceu o comércio marítimo.
De maneira geral as poléis gregas estavam estruturadas em Acrópole (cidade alta) onde estavam templos e outras estruturas, bem como, tinha a finalidade de proteção da cidade. A ágora (praça pública) onde estavam os principais edifícios públicos e onde reuniam-se para as reuniões e a asti uma espécie de mercado por onde as pessoas circulavam e realizavam as trocas comerciais.

Acrópole de Atenas


O poder em Atenas

É comum lembrarmos de Atenas pela invenção da democracia, mas nem sempre foi assim. Esta instituição foi desenvolvendo-se com o passar do tempo. Inicialmente Atenas era uma monarquia. Isso mesmo. Governada por um rei que era chefe militar, político e religioso. Aos poucos os proprietários de terras exigiram participar do poder ao ponto da cidade tornar-se aristocrática, ou seja, governada por poucos e mais especificamente os eupátridas (bem-nascidos), os nobres. Com o passar do tempo outros grupos enriquecidos também exigiram maior participação política.

As leis
Para controlar os conflitos entre as classes populares e a oligarquia segundo a tradição grega Drácon (personagem lendário) transformou as leis orais em escritas no século VII a.c. A vantagem disso foi que elas tornara-se públicas e aplicáveis a todos.
Porém, os aristocratas continuaram com o poder e é que surge um legislador chamado Sólon. Este tomou algumas medidas que ampliaram a participação no poder, são elas: Aboliu a escravidão por dívidas entre os atenienses, cancelou dívidas, criou a Helieia, dividiu a sociedade pelo critério de renda ( não mais pelo nascimento, mas pela riqueza), conferiu maiores poderes à assembleia e institui a bulé. Apesar dessas modificações o poder permaneceu nas mãos dos ricos.
Neste contexto de conflitos surgem os tiranos em Atenas, estes são aqueles que assumem o poder por meio da força e com o apoio das classes populares, inclusive, alguns tiranos obtiveram grande apoio popular. O mais conhecido foi Psístrato no século VI a.c. que criou um tipo de crédito agrícola, distribuiu aos camponeses as terras dos nobres exilados, favoreceu os cultos populares, construiu grandes obras civis e religiosas, favoreceu a cultura e o crescimento econômico e mandou transcrever os poemas Ilíada e Odisseia.
Coube a Clístenes, o "o pai da democracia", criar instrumentos para o estabelecimento da democracia ateniense.

A democracia ateniense e suas instituições


Etimologicamente democracia significa "governo de todos" e a partir do século V a.c esta pólis viveu um momento único de sua história. Porém, como era a democracia em Atenas? Quem votava? Era igual a nossa? É o que veremos. Preste bem atenção nisso!
Em Atenas a democracia era direta, ou seja, não se elegiam representantes. A votação acontecia na assembleia dos cidadãos e geralmente levantado os braços. Todo cidadão tinha direito a ter a palavra e ser ouvido, além disso para escolher pessoas para assumirem algumas funções públicas realizava-se sorteios. 
Este sistema era limitado, pois nem todos eram considerados cidadãos. Somente homens adultos filhos de pai e mãe atenienses. Isso significa que crianças, mulheres, estrangeiros e escravos não possuíam direitos políticos. Bem diferente da democracia brasileira e do conceito de cidadania que temos hoje. Segundo algumas estimativas 10% da população era considerada cidadã. 
As decisões na assembleia deveriam ser colocadas em prática. Como as discussões eram realizadas em praça pública aqueles que possuíam a capacidade de convencimento, isto é, oratória conseguiam que suas ideias prevalecessem.
Como hoje o poder da palavra prevalecia e nem sempre para o bem de todos. Mesmo em Atenas a corrupção foi constante com vários tipos de artimanhas. Veja a citação:

“... grupos poderosos, defendendo seus interesses privados, utilizando todo tipo de corrupção, contratando oradores profissionais (discípulos de professores de retórica e de sofistas), manipulavam a escolha de cargos e mesmo a Assembléia popular. O povo, assim conduzido e enganado, apesar de decidir e votar, decidia e votava, muitas vezes, contra os seus próprios interesses reais. (BENOIT, 1996, p. 19).


“Ah Atenienses, se a boulé dos Quinhentos e a ekklesía estivessem regularmente dirigidas por aqueles que as presidem, se ainda se observassem as leis de Sólon sobre a disciplina dos oradores, o mais idoso dos oradores sendo o primeiro a falar(...). Mas hoje as regras que todos consideravam boas foram abandonadas...” (ÉSQUINES, contra Ctesifonte apud ACKER, 1994).


Por estes textos percebe-se que a democracia não foi as mil maravilhas como os livros escolares demonstram. Foi bastante limitada, mas foi o que as condições históricas permitiram. Excluir mulheres, crianças, estrangeiros e escravos limitava bastante este sistema.


























Este infográfico resume os diversos órgãos da democracia ateniense, mas resumirei alguns:
  • Eclésia ou assembleia: os cidadãos (homens adultos, filhos de pais e mães atenienses) reuniam-se em praça pública para discutir as questões pertinentes à cidade. Geralmente acontecia dez vezes ao ano. Este no século V a.c tornou-se a instituição máxima.
  • Bulé: formado por 500 cidadãos escolhidos anualmente por sorteio e com mais de 30 anos de idade. Suas funções eram elaborar leis para serem votadas na eclésia, aconselhar magistrados e elaborar decretos.
  • Helieia ou heliaía (Tribunal popular): 6000 jurados sorteados entre os cidadãos maiores de 30 anos que julgavam questões comuns.
  • Areópago: Tribunal que aplicava a justiça, julgava as questões religiosas, educacionais e os crimes mais graves;
  • Estrategos: principais funcionários com poder legislativo e executivo além de comandarem o exército.
  • Arcontes: magistrados que presidem os tribunais.
  • Ostracismo: uma lei instituída por Clístenes que exilava por 10 anos o cidadão que fosse considerado perigoso para a democracia.
 Vele ressaltar que a democracia esteve diretamente ligada à escravidão, ou seja, o cidadão ateniense dedicava-se a vida pública porque havia escravos que realizavam as atividades econômicas, ou seja, graças aos escravos também que a democracia desenvolveu-se.

"Democracia e escravidão apresentam-se a partir desta época como duas idéias dependentes entre si. À medida que o cidadão vai se liberando do exercício direto das atividades econômicas (trabalho no campo essencialmente) para se dedicar às tarefas políticas, vai sendo substituído pelo escravo como força de trabalho"(FLORENZANO, 1982, p.26).

Sociedade
  • Cidadãos atenienses: somente este grupo social possuía direitos políticos, homens adultos, filhos de pai e mãe ateniense ( a partir de 451 a.c), não pagavam impostos, tinham acesso à terra, pobres e ricos. Interessante que o ideal de cidadão grego é aquele que dedica-se à vida pública, ao lazer e que não tem necessidade de realizar qualquer atividade econômica é o famoso ócio grego. Entendam bem, isso não significa ser preguiçoso. É algo que era da mentalidade do grego antigo, ou seja, o bom cidadão é aquele que discute as questões da cidade. Vale ressaltar, que o cidadão pobre apesar de ter essa visão negativa em relação ao trabalho manual trabalhava na agricultura, comércio, artesanato para poder manter-se, era necessidade.
  • Metecos: eram livres, estrangeiros, sem direitos políticos, não possuíam terras pagavam impostos, não poderiam possuir terras, prestavam serviço militar e realizavam as atividades produtivas( comércio e artesanato).
  • Escravos: poderia ser prisioneiro de guerra ou nascimento. Era considerado uma mercadoria e realizavam todas as formas de servições que se possa imaginar. Mas as condições variavam. Em relação aos escravos particulares a sua condição comparada com o público era pior. Estes últimos recebiam alimentação, vestimenta além de morarem onde quiserem. Com seu trabalho acumulavam recursos que usavam na compra da sua liberdade. Havia também escravos que trabalhavam fora da casa de seu dono e dividia com ele o que recebia e é claro também guardava para comprar sua liberdade. 

O escravo criado por Atenas, e que é base do modo de produção escravista, é de outro tipo: é o chamado “escravo-mercadoria”, vendido e comprado num mercado internacional de escravos e que, desvinculado totalmente de sua terra de origem, de sua família e comunidade, tornava-se apenas, para usar a expressão celebre de Aristóteles, “uma coisa viva”, ou seja, um mero instrumento de trabalho, uma mera ferramenta de produção.” (BENOIT, 1996, p. 20)

Nesta citação acima percebe-se como o escravo era percebido, um mero instrumento falante,


“a população de Escravos em Atenas no período Clássico era de aproximadamente 300.000, cerca de 40% da população total.” (FINLEY, 1963, p. 73).

 Aos poucos o sistema escravista foi tornando-se predominante em Atenas. Sem dúvida foi a primeira civilização da antiguidade a adotar o sistema escravista como base de produção.

A condição da mulher

Em Atenas a mulher era considerada inferior ao homem e desde criança era preparada para o casamento e a procriação. Não era comum ver mulheres andando na cidade sem a presença do marido. As mulheres ricas possuíam um lugar próprio na casa chamado gineceu onde realizavam suas atividades diárias, ou seja, fiar e tecer. A mulher pobre, ao contrário, ajudava o marido no trabalho fora de casa.
Vejamos a visão dos gregos sobre a mulher em algumas obras literárias da antiguidade:

"Ninguém pode confiar nas mulheres" (Homero, Odisseia)
"Maligno é por natureza o sexo feminino" ( Eurípides, As fenícias)
" A mulher vale pouco"(Eurípides, Ifigênia em Táuride)

 Comparando com a condição da mulher na sociedade atual percebe-se quanto a mulher ganhou espaço a custa de muitas lutas por ter direitos reconhecidos. Infelizmente ainda há resquícios dessa visão negativa em relação à mulher.

Educação

a educação era um encargo das famílias, através das mães e dos professores contratados, o que tornava a formação completa do cidadão um privilégio de ricos. Esses professores particulares ensinavam os jovens a música, os esportes (corrida, arremesso de disco, dardo, salto, luta e boxe); e a poesia (fundamental para sociabilidade, por ser declamada nos banquetes, e mesmo para o desenvolvimento na arte de falar). As escolas eram todas particulares"(ACKER, 1994, p. 29).

Esta citação revela algo essencial, ou seja, a educação era particular. Logo só as famílias ricas poderia pagar por professores. Esta consistia em formar um bom cidadão capaz de defender suas posições na eclésia e por isso valorizavam a oratória. Além de estudarem álgebra, poesia, história, música era integrante da formação a prática de atividades físicas: ginástica, boxe, luta, arremesso. Tudo isso para formar integralmente o ateniense. 

Por professor Bruno Rafael 


Referências

ACKER, Teresa Van. Grécia: a vida cotidiana na cidade-estado. São Paulo: Atual, 1994.
BENOIT, Hector. Sócrates: O nascimento da razão negativa. São Paulo: Ed. Moderna, 1996. 
FERREIRA, Olavo Leonel. Visita à Grécia antiga. São Paulo: Moderna, 1997.
FINLEY, Moses I. Os gregos Antigos. Coleção: Lugar da História, Edições 70; Lisboa, 1963.

FLORENZANO, Maria Beatriz B. O mundo antigo: economia e sociedade. São Paulo: Brasiliense, 1982.
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2009.